Leonardo Lague

Leo Lague passou a infância no sul do Brasil, moldando uma dualidade sutil entre a paisagem natural e as usinas e instalações industriais da região carbonífera. Este período coincidiu com a virada do milênio, marcando a mudança do analógico para o digital, a era nascente da internet e os profundos dilemas sobre o futuro da humanidade.

Crescendo próximo ao universo artístico e cultural de sua família, Lague absorveu uma dose significativa de narrativas, levando-o, anos mais tarde, a conceber cenografias, projetos luminotécnicos e atmosferas para festas independentes que protagonizavam a subcultura de Porto Alegre. Esse ambiente amplia seu repertório e vivências, reinvindicando a realidade da cidade e do espaço. 

Através do design, Leo Lague encontrou uma de suas formas de expressão. Familiarizado com plantas de arquitetura e mobiliário muito antes de cursar a faculdade, usou a loja de mobiliário da família como laboratório onde pode desbravar o mundo do design. Com 16 anos, estabeleceu vínculos com a cena criativa local, o contato precoce com as indústrias e nomes que fomentaram a história do design brasileiro. 

Através da mentoria do empresário Houssein Jarouche, nome por trás da Micasa - referência em curadoria de design, lança em 2022 sua primeira linha de mobiliário intitulada Apollo - as peças aludem aos arquétipos clássicos, símbolos da mitologia grega e ao renascentismo, e funcionam como monumentos esculpidos, onde a superfície crua remete ao peso do mármore. A solução de criar peças de grandes dimensões otimizadas no peso, levou ao desenvolvimento da técnica de estruturação da peça em madeira com revestimento de massas acrílicas, resinas e cimento em colaboração com artesãos especializados em uma dinâmica industrial. 

O trabalho de Lague se desenvolve na intersecção entre história, semiótica, mitologia e antropologia. Diante dos enigmas do mundo, propõe peças onde presente e futuro, vida e morte, artesanal e industrial, secular e sagrado, real e ficção, convergem e colidem.